Albert Camus nasceu na Argélia a 7/11/1913 e morreu a 4/1/1960, num acidente de carro que muitos pensam ter sido provocado.Em 1957 tornou-se Nobel da Literatura.
Na minha juventude li "O Estrangeiro" e "O Mito de Sísifo".
Foi agora, porém , em plena pandemia, que li "A Peste". A acção passa-se em Orão, cidade que em meados dos anos 40 , se vê inesperadamente confrontada com a terrível presença da peste e que devido à doença fica isolada e fechada sobre si mesma.
As tremendas alterações da vida quotidiana , o medo denso que se abate sobre a cidade e o sofrimento atroz das pessoas são descritos de modo quase neutro , quase frio , por um narrador que os viveu no seu dia a dia .
Quando, finalmente, a epidemia desapareceu e a vida foi retomada, nem assim todo o sofrimento teve fim, já que as consequências e as mortes estavam presentes em quem sobreviveu.
A personagem principal , para mim, é Tarrou - através do qual , o escritor coloca as questões que o preocupam.
O livro foi escrito como metáfora desse acontecimento sinistro e cruel que foi o nazismo , pois Camus lutou na Resistência francesa durante a Segunda Guerra Mundial.
Nos tempos que vivemos actualmente , "A Peste" deveria ser de leitura obrigatória tanto pela metáfora (a extrema-direita está em crescendo) como pela literalidade ( o virus não mostra sinais de abrandar).
EXCERTOS:
> "Tarrou...acrescentava que havia ainda muito a fazer, mas que não era uma razão para não se estar pronto, e perguntava a si próprio se justamente ele estava pronto. Respondia , para acabar, ... que havia sempre uma hora do dia e da noite em que o homem era cobarde e que era só dessa hora que tinha medo."
> " Decidi pôr-me do lado das vítimas , em todas as ocasiões, para limitar os estragos. No meio delas, posso, ao menos, procurar como se chega ... à paz."
> " A única maneira de combater a peste é a honestidade."
> "Sei que o Homem é capaz de grandes acções. Mas , se não for capaz de um grande sentimento não me interessa."
