O xenofeminismo é um movimento comprometido com a pesquisa radical e crítica que incorpora a tecnologia e a arte à abolição de gênero, considerada uma extensão e um desdobramento do ciberfeminismo.[1][2] Em seu manifesto Xenofeminismo: Uma política pela alienação, o coletivo Laboria Cuboniks argumenta contra a natureza como desejável e imutável em favor de um futuro no qual o gênero seja desalojado do poder e no qual o feminismo desestabilize e use as ferramentas do opressor para sua própria reconstrução da vida.[1] De acordo com uma publicação de Jilly Boyce Kay,[3] o movimento tem três características principais: é tecnomaterialista, antinaturalista e defensor da abolição de gênero. Isso significa que o movimento contraria os ideais naturalistas que afirmam que existem apenas dois gêneros e visa à abolição do "sistema binário de gênero". O xenofeminismo difere de outras vertentes do ciberfeminismo porque, embora tenha ideais semelhantes, é inclusivo para a população queer e transgêneros.

Também incorpora as ideias do aceleracionismo.[4]

Etimologia

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A palavra é composta do afixo xeno-, do grego antigo xénos, ξένος («anfitrião estranho»), prefixado com feminismo.

História

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Este termo foi iniciado, entre outros, por Diann Bauer, Katrina Burch, Helen Hester, Lucca Fraser, Amy Ireland, Patricia Reed, membros do coletivo transfeminista[5] Laboria Cuboniks,[6][7][8] em seu manifesto multilíngue publicado online Xenofeminism, A Politics for Alienation in 2015.[9][10] Laboria Cuboniks é um anagrama de Nicolas Bourbaki, o pseudônimo coletivo dos matemáticos franceses.[8] O xenofeminismo é uma plataforma, uma abordagem tecno-crítica que visa construir uma nova linguagem e novos usos para a política sexual trans e queer - "uma linguagem que entende seus próprios métodos como material e começa aos poucos".[6][11][12][13][14] Trata-se de redescobrir o instinto primordial da humanidade e adaptar a tecnologia a esses instintos, e não o contrário.[15]

Lista de artistas e coletivos

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Referências

  1. a b Cuboniks, Laboria. «Xenofeminismo: Uma política pela alienação | Laboria Cuboniks». laboriacuboniks.net. Consultado em 16 de setembro de 2021 
  2. «Xenofeminismo pretende acabar com a noção de gênero através da tecnologia». tab.uol.com.br. Consultado em 16 de setembro de 2021 
  3. Boyce Kay, Jilly (17 de fevereiro de 2019). «Xenofeminism». Feminist Media Studies (2): 306–308. ISSN 1468-0777. doi:10.1080/14680777.2019.1579983. Consultado em 24 de junho de 2022 
  4. «So, Accelerationism, what's all that about?». DIALECTICAL INSURGENCY (em inglês). Consultado em 1 de outubro de 2017 
  5. Emi Koyama,. “The Transfeminist Manifesto.” In: Catching a Wave: Reclaiming Feminism for the Twenty-First Century, (em inglês). [S.l.]: Rory Dicker and Alison Piepmeier (eds), 2003. Northeastern University Press: Boston, p. 245. 
  6. a b Cuboniks, Laboria. «Laboria Cuboniks | Xenofeminism». www.laboriacuboniks.net (em inglês). Consultado em 1 de outubro de 2017 
  7. a b «Edia Connole interviews Amy Ireland for Freaky Friday!! - Queen Mob's Tea House». Queen Mob's Tea House (em inglês). 26 de dezembro de 2014. Consultado em 1 de outubro de 2017 
  8. a b «Laboria Cuboniks». Consultado em 2 de julho de 2018 
  9. Xenofeminism (em inglês). [S.l.: s.n.] 2015. Consultado em 1 de outubro de 2017 
  10. Fox, Dominic (2 de junho de 2015). «Transits: Notes on the Xenofeminist Manifesto». Dominic Fox. Consultado em 1 de outubro de 2017 
  11. Gladic, Mladen (28 de maio de 2015). «Kommentar: Schneller, Frauen!». DIE WELT (em alemão). Consultado em 1 de outubro de 2017 
  12. Laboria Cuboniks (2014). «Towards Xenofeminism: Gender, Technology, and Reason in the 21st Century | The New Centre for Research & Practice». The New Centre for Research & Practice (em inglês). Consultado em 1 de outubro de 2017 
  13. Fraser, Olivia Lucca. «Artificial Intelligence in the Age of Sexual Reproduction». - (em inglês). Consultado em 1 de outubro de 2017 
  14. Hester, Helen (2018). Xenofeminism (em inglês). [S.l.: s.n.] OCLC 1029200055 
  15. «Le Xéno-xénisme | Miracle». miracle.nu (em francês). Consultado em 30 de setembro de 2017 
  16. «Xénoféminisme Archives — Glass Bead». Glass Bead (em inglês). Consultado em 20 de fevereiro de 2018