Vilancete
Vilancete, vilancico ou vilhancico (em catalão: Villancet) era uma forma poética comum na Península Ibérica, na época da Renascença[1]. Os vilancetes podiam também ser adaptados para música: muitos compositores ibéricos dos séculos XV e XVI, como Juan del Encina ou o português Pedro de Escobar compuseram vilancetes musicais. Em Portugal vilancete aparece pela primeira vez no Cancioneiro Geral, antologia poética de Garcia de Resende (1516)[2]. Este tipo de poema tem um mote - o início do poema que, na música, funciona como refrão - seguido de uma ou mais estrofes - as voltas, coplas ou glosas - cada uma com 7 versos. A diferença entre o vilancete e a cantiga depende do número de versos no mote: se houver 2 ou 3 é um vilancete, se houver 4 ou mais é uma cantiga.
Cada verso de um vilancete está normalmente dividido em cinco ou sete sílabas métricas ("medida velha"). Se o último verso do mote se repetir no fim da estrofe, diz-se que o vilancete é perfeito. Eis um exemplo de um vilancete, escrito por Luís de Camões:
(Mote:)
- Enforquei minha Esperança;
- Mas Amor foi tão madraço,
- Que lhe cortou o baraço.
(Volta:)
- Foi a Esperança julgada
- Por setença da Ventura
- Que, pois me teve à pendura,
- Que fosse dependurada:
- Vem Cupido com a espada,
- Corta-lhe cerce o baraço.
- Cupido, foste madraço.
Como se pode ver, o esquema das rimas é: ACC (mote), e ABBA ACC (volta), que era o mais comum.
O tema dos vilancetes era normalmente a saudade, o campo e os pastores, a 'mulher perfeita' e o amor não-correspondido e consequente sofrimento. Os poetas ibéricos foram fortemente influenciados por Francesco Petrarca, um poeta italiano.