Sarah Affonso

artista portuguesa (1899-1983)
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Sarah Affonso, nome artístico de Sara Sancha Afonso (Beato, Lisboa, 13 de maio de 1899 — Campo Grande, Lisboa, 15 de dezembro de 1983), foi uma pintora portuguesa.[1][2]

Sarah Affonso

Foto de 1934
Nascimento 13 de maio de 1899
Lisboa
Morte 15 de dezembro de 1983 (84 anos)
Lisboa
Nacionalidade português(esa)
Cônjuge Almada Negreiros (2 filhos)
Ocupação Artista plástica.

Biografia / Obra

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Família, 1937, óleo sobre tela, 103 x 86 cm
 
Procissão, 1934, óleo sobre tela, 110 x 70 cm

Nascida em Lisboa, na Calçada do Duque de Lafões, 1º direito, no seio de uma família relativamente modesta, viveu em Viana do Castelo entre os 5 e os 15 anos de idade. "Estes primeiros anos da sua vida marcariam indelevelmente a sua obra, desenvolvida nos trilhos dessa memória das paisagens minhotas, dos azuis, dos pinhais e das praias, do seu quotidiano e das tradições".[1] Os seus pais eram Francisco Marcelino Afonso, sargento de infantaria, natural de Valença e Alexandrina Rosa Gomes Afonso, doméstica, natural de Lisboa e filha de pai argentino.

Estudou pintura na Escola de Belas-Artes de Lisboa, onde foi aluna de Columbano Bordalo Pinheiro. Esteve em Paris em 1923-1924 e, de novo, em 1928-1929 (sobrevive trabalhando num atelier de costura). Expõe no Salon d'Automne de 1928.

De regresso a Lisboa, integra-se no ambiente artístico e intelectual lisboeta. Pertencente à segunda geração de pintores modernistas portugueses, contemporânea de Bernardo Marques, Mário Eloy e Carlos Botelho. Expõe no I Salão dos Independentes (SNBA, 1930) e em outras mostras coletivas; expõe individualmente; frequenta as tertúlias de A Brasileira (até então um território tipicamente masculino).

Em 1934 casa-se com Almada Negreiros, tentando a partir daí conciliar a vida de mãe de família e de pintora. Nos primeiros anos de casamento desenvolve o que será a parte mais importante da sua obra pictórica. "Dos retratos de meninas e mulheres e das paisagens urbanas passa para composições que incorporam motivos antes utilizados nos bordados, oriundos da cultura e imaginário populares. Evoca, a partir da memória da infância passada no Minho, costumes (procissões, festas, alminhas) e mitologias populares".[1]

Celebraria também a sua vida pessoal em pinturas como Família, 1937, um dos seus trabalhos mais emblemáticos, onde se figura com o marido e o primeiro filho. Neste auto-retrato alargado à sua família e que funciona também como metáfora para a lenda do "menino-deus", Sarah Afonso faz uma síntese de vários aspectos da sua obra: "a qualidade do traço, o cromatismo, o desenho implícito na composição narrativa – como se tratasse de um sonho acordado – elementos tradicionais da cultura popular, como os bordados, os brinquedos e as lendas. É comum verificarmos esta associação lírica sobre a realidade, em que o tema se funde com a vivência dos retratados".[1]

Foram várias as razões que a levaram a abandonar a pintura em finais dos anos de 1940. "Às razões pessoais juntavam-se a insegurança profissional e a falta de condições de trabalho. Continuou, no entanto, com um trabalho menos visível nas artes decorativas e de apoio a Almada Negreiros [...]. Em finais dos anos 50, retomou algumas das direções interrompidas, como a ilustração infantil (entre outros de A Menina do Mar, 1958, de Sophia de Mello Breyner Andresen) e o desenho".[1]

Expôs individualmente em 1932 e 1939. Participou na Exposição do Mundo Português, 1940. Em 1944 recebeu o Prémio Sousa Cardoso na 8ª Exposição de Arte Moderna organizada pelo SPN. Em 1953 participou na Bienal de S. Paulo, Brasil.[1]

Encontra-se colaboração sua na revista Sudoeste [3] (1935).

Foram realizadas mostras retrospectivas da sua obra em 1953 e 1962 (Galeria de Março, Lisboa, e Academia Dominguez Alvarez, Porto respectivamente).[4]

Sarah Afonso está sepultada no Cemitério do Alto de São João, juntamente com Almada Negreiros.[5]

Homenagens e Legado

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A 7 de agosto de 1981, foi agraciada com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Por ocasião do centenário do seu nascimento, em 1999, realizaram-se exposições comemorativas em Viana do Castelo e Porto.

Em 2019 o Museu Gulbenkian celebra o 120.º aniversário do seu nascimento apresentando a exposição Sarah Affonso e a Arte Popular do Minho..

Referências

  1. a b c d e f Gerbert Verheij. «Sarah Affonso». Museu Calouste Gulbenkian. Consultado em 27 de junho de 2019 
  2. «Sarah Affonso». www.modernismo.pt. Consultado em 26 de março de 2018 
  3. Rita Correia (18 de maio de 2011). «Ficha histórica: Sudoeste : cadernos de Almada Negreiros (1935)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 5 de novembro de 2015 
  4. França, José Augusto – A arte em Portugal no século XX (1974). Lisboa: Livraria Bertrand, 1991, p. 303, 574
  5. Cardoso, Nuno (29 de outubro de 2023). «Cemitério do Alto de São João: "museu a céu aberto" com visitas guiadas». Evasões. Consultado em 6 de outubro de 2024