O Diabo no Campanário

conto de Edgar Allan Poe

O Diabo no Campanário (em inglês: The Devil in the Belfry),[1] também traduzido como O Demônio na Torre do Sino,[2] é um conto satírico de Edgar Allan Poe, publicado pela primeira vez em 1839 no jornal Saturday Chronicle.[3] É parte da coletânea Contos do Grotesco e do Arabesco de 1840.[4]

The Devil in the Belfry
O Demônio na Torre do Sino
O Diabo no Campanário
Ilustração presente na edição de 1894 de Tales and Poems, Vol. 2
Autor(es) Edgar Allan Poe
Idioma inglês
País Estados Unidos da América
Gênero Gótico, Sátira, Horror
Editora Saturday Chronicle
Formato Conto
Lançamento 1839

Enredo

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O conto de Poe narra a história de uma cidadezinha holandesa chamada Vondervotteimittis, onde os habitantes se preocupam apenas com duas coisas: marcar o tempo e cultivar repolhos. Um dia, um demônio, carregando um grande violino, chega à cidade e causa caos na vida metódica dos moradores. Ele entra no campanário, ataca o sineiro e toca o sino treze vezes em vez de doze, horrorizando toda a cidade. O diabo permanece no campanário, tocando uma dança irlandesa e badalando os sinos ao puxar as cordas com os dentes.[5]

Análise

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A palavra Vondervotteimittis seria um trocadilho com a pronúncia da frase "Wonder what time it is" (em português: Pergunto-me que horas são).[6]

No conto, o narrador de Poe mostra um tempo que atua como agente social, onde o relógio de Vondervotteimittis controla a vida dos habitantes. Nesse lugar fictício, as horas determinam a sequência e sucessão dos eventos sociais.[7]

Um dos artifícios que geram riso no conto é a deturpação de traços e linhas humanas nas descrições das personagens. Elas são descritas como velhinhos e velhinhas, pequeninos e gorduchos, com grandes olhos redondos e roupas coloridas que imitam as dos holandeses. O conto apresenta características peculiares para as personagens: o velhinho comum na conto tem uma imensa papada, os conselheiros têm papada dupla e o sineiro, papada tripla.[8]

Adaptações

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O compositor francês Claude Debussy trabalhou em uma ópera chamada Le diable dans le beffroi entre 1902-1912, mas não chegou a finalizar o trabalho.[9] Em uma entrevista, forneceu a seguinte sinopse da composição:

[...] é uma fantasia à maneira de Sterne. Um demônio mal-humorado se esconde um dia dentro do campanário de uma pacata vila holandesa e, em vez de deixar o relógio bater meio-dia, ele o força a bater treze horas. Daí resulta uma confusão muito divertida entre esses holandeses.[9]

Em 1925, o italiano Adriano Lualdi estreou a ópera I diavolo nel campanile no Teatro alla Scala em Milão,[10] adaptando o conto de Poe.[11]

Uma versão de ópera de câmara do conto, com música de David McKay e libreto de Kent Ljungquist, foi apresentada no Worcester Polytechnic Institute em 8 de novembro de 1984.[12] Uma outra adaptação para ópera da câmara teve composição de Gérard Pesson e libreto de David Lescot e foi incluída em um conjunto de três pequenas óperas, chamadas Trois Contes (em português: Três Contos).[13]

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Referências

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  1. Cultural, Fantástica. «O Diabo no Campanário - Conto de Edgar Allan Poe». Fantástica Cultural. Consultado em 2 de junho de 2024 
  2. Poe, Edgar Alan (2024). Contos do Grotesco e do Arabesco. Dois Irmãos, RS: Clube de Literatura Clássica. p. 125. ISBN 9786587036847 
  3. «The Devil in the Belfry». The Edgar Allan Poe Society of Baltimore (em inglês). Consultado em 2 de junho de 2024 
  4. «Tales of Grotesque and Arabesque (vol. 01) - Title and Contents». Edgar Allan Poe Society of Baltimore (em inglês). 1840. Consultado em 2 de junho de 2024 
  5. Cimbleris, Maíra (23 de junho de 2011). «The Devil in the Belfry a rhapsody for viola and orchestra & Edgar Allan Poe, Claude Debussy, and "The Fall of the House of Usher"». Louisiana State University and Agricultural and Mechanical College. LSU Doctoral Dissertations (em inglês). doi:10.31390/gradschool_dissertations.1333. Consultado em 2 de junho de 2024 
  6. Poe, Edger Allan (2024). Contos do Grotesco e do Arabesco. Nota de rodapé. Dois Irmãos, RS: Clube de Literatura Clássica. p. 125 
  7. Fortunato, Thomáz (22 de maio de 2018). «Os tempos n' O Diabo de Poe». Universidade de São Paulo. Revista Epígrafe. V (5): 65-88. doi:10.11606/issn.2318-8855.v5i5p65-88. Consultado em 2 de junho de 2024. Cópia arquivada em 27 de fevereiro de 2024 
  8. Pereira, Maria da Luz Alves (2009). O Humor na tradução dos contos de Edgar Allan Poe (Dissertação). Mestrado em Estudos de Linguagens. Campo Grande, MS: UFMS. p. 60-61 
  9. a b Grayson, David (2003). Trezise, Simon, ed. The Cambridge Companion to Debussy. Col: Cambridge Companions to Music (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. p. 82. doi:10.1017/CCOL9780521652438 
  10. «Il diavolo nel campanile». Opening Night! - Opera & Oratorio Premieres (em inglês). Stanford University. Consultado em 2 de junho de 2024 
  11. «Opera Manager - Opera: Adriano Lualdi Diavolo nel campanile, Il». www.operamanager.com (em italiano). Consultado em 2 de junho de 2024 
  12. Kent, Ljungquist (1984). «Current Poe Activities». Edgar Allan Poe Society of Baltimore. Poe Studies. Consultado em 2 de junho de 2024 
  13. «Trois Contes». Operavision (em inglês). Consultado em 2 de junho de 2024 
  14. Hanke, Ken (29 de julho de 2014). «Twixt». Mountain Xpress (em inglês). Consultado em 2 de junho de 2024 

Ligações externas

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