Manezinho Araújo
Manuel Pereira de Araújo, conhecido como Manezinho Araújo, (Cabo de Santo Agostinho, 27 de setembro de 1913 — São Paulo, 23 de maio de 1993) foi um cantor, compositor, jornalista e pintor brasileiro.
Manezinho Araújo | |
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Manezinho em 1942, quando ainda músico | |
Informações gerais | |
Nome completo | Manoel Pereira de Araújo |
Também conhecido(a) como | Rei da Embolada |
Nascimento | 27 de setembro de 1913 |
Local de nascimento | Cabo de Santo Agostinho |
País | Brasil |
Morte | 23 de maio de 1993 (79 anos) |
Local de morte | São Paulo |
Gênero(s) | MPB |
Progenitores | Mãe: Joventina Pereira de Araújo Pai: José Brasilino de Araújo |
Período em atividade | 1930-1954 |
Outras ocupações | pintor primitivo |
Gravadora(s) | Odeon Continental Copacabana Sinter Chantecler |
Biografia
editarEra filho de José Brasilino de Araújo, um funcionário da Great Western of Brazil Railway, e de Joventina Pereira de Araújo; apesar de nascido em Cabo, passou a infância no Recife, morando com os pais no bairro da Casa Amarela; nesta cidade e ainda jovem conheceu o cantor de emboladas Minona Carneiro, de quem aprendeu a música da qual foi um dos grandes divulgadores e intérprete.[1]
Ingresso no exército em 1930, toma parte no Golpe Militar daquele ano e, junto a um batalhão,invade a Bahia e constatam que o governo local já havia se rendido e os militares tomado ao poder; ainda assim recebe como recompensa a promoção a sargento e uma viagem ao Rio de Janeiro onde, após algum tempo, vê-se compelido a se apresentar em cabarés para não passar fome.[1]
Na então capital do país ele passa a se apresentar nas emissoras de rádio, vindo a ser contratado da Rádio Mayrink Veiga, onde cantava de segunda a sexta-feira, além de excursionar por vários estados do país, recebendo então o apelido de "Rei da Embolada"; também gravou jingles de produtos como "Lifebuoy" e "Óleo de Peroba".[1]
Casado com Alaíde, conhecida como Dona Lalá, com ela monta um restaurante denominado "O Cabeça Chata", onde se apresentava aos fregueses dentre os quais personalidades nacionais e estrangeiras como Edith Piaf, Yul Brynner, Carmen Miranda ou Rachel de Queiroz.[1]
Entre a década de 1930 e a de 1950 gravou mais de cinquenta discos em 78 rotações e quatro LPs em gravadoras como a Odeon Records da qual foi contratado por oito anos, além de ter suas composições gravadas por vários cantores do país.[1]
Mudando-se para a capital paulista assinou contrato com a Rádio Record; além da música figurou em muitos filmes e em mais de vinte cinejornais da Atlântida Cinematográfica; teve seu maior sucesso musical com a gravação de "Dezessete e Setecentos", composta por Luiz Gonzaga e Miguel Lima, em 1945.[1]
Na imprensa colaborou em jornais radiofônicos e com uma coluna na Revista do Rádio; em 1954 decidiu encerrar a carreira musical, e fez um show de despedida no Tijuca Tênis Clube; mas em começo da década de 1960, após dizer à esposa que era capaz de pintar melhor do que o quadro de um artista inglês que esta adquirira, e ela tê-lo desafiado a fazê-lo, começou a pintar de modo totalmente empírico, inicialmente com guache e depois a óleo, num estilo classificado como "primitivo puro", realizando trabalhos que evocavam paisagens da infância à maturidade, retratando imagens do Nordeste como marinhas, palafitas, baianas — vindo a ser consagrado no estilo e a se tornar um dos mais conceituados no país; realizou mais de trinta exposições, tendo duas de suas obras expostas no acervo da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.[1]
Musicografia principal
editarDentre as principais obras musicais do artista estão:[2][3][4]
- Adeus, Pernambuco, com Hervé Cordovil - gravação por Luiz Gonzaga (1952) e depois Gilberto Gil e Manezinho Araújo.
- Ai!, Maria, Luperce Miranda e Minona Carneiro (1944)
- Coitadinho do Manezinho, Manezinho Araújo (1939)
- Como tem Zé lá na Paraíba, Catulo de Paula e Manezinho Araújo - Jackson do Pandeiro (1962)
- Cuma é o nome dele?, Manezinho Araújo (1956)
- Dezessete e setecentos, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1945)
- Há sinceridade nisso?, Dozinho, Carvalhinho e Manezinho Araújo - César de Alencar (1952)
- Mulher rendeira, domínio público (1937)
- O carreté do coroné, Manezinho Araújo (1939)
- O chamego da Guiomar, Luiz Gonzaga e Miguel Lima (1945)
- Pra onde vai, valente?, Manezinho Araújo (1934)
- Quando eu vejo a Margarida, Manezinho Araújo (1939)
- Segura o gato, José Carlos Burle e Manezinho Araújo (1936)
- Vatapá, Manezinho Araújo (1956)
Trabalho pictórico
editarPublicou em 1968 um catálogo contendo serigrafias, que teve apresentação feita por Aldemir Martins.[5]
Sua última exposição ocorreu em 1977, no Rio de Janeiro, uma mostra individual no Museu da Imagem e do Som.[5]
Referências
- ↑ a b c d e f g Semira Adler Vainsencher (6 de abril de 2004). «Manezinho Araújo». Fundação Joaquim Nabuco. Consultado em 20 de julho de 2019. Cópia arquivada em 20 de julho de 2019
- ↑ Cravo Albin. «Manezinho Araújo - discografia». Dicionário Cravo Albin de MPB. Consultado em 5 de setembro de 2019
- ↑ Cravo Albin. «Manezinho Araújo - obra». Dicionário Cravo Albin de MPB. Consultado em 5 de setembro de 2019
- ↑ Cravo Albin. «Manezinho Araújo - dados artísticos». Dicionário Cravo Albin de MPB. Consultado em 5 de setembro de 2019
- ↑ a b «Manezinho Araújo». Catálogo das Artes. Consultado em 20 de julho de 2019. Cópia arquivada em 21 de julho de 2019
Ligações externas
editar- Biografia no Dicionário Cravo Albin de MPB.