Leão-das-cavernas

subespécie extinta de leão

O chamado leão-das-cavernas, ou leão-das-cavernas europeu (ou da Eurásia) (Panthera leo spelaea ou P. spelaea,[nota 1]) é uma subespécie extinta de leão. Essa espécie foi identificada através de fósseis e diversos exemplos de arte pré-histórica. O leão-europeu pode ter sido um remanescente do leão-das-cavernas (Panthera leo spelaea) que sobreviveu em épocas históricas.[2][3]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaPanthera leo spelaea
Ocorrência: Middle Pleistocene–Late Pleistocene
Erro de expressão: Operador < inesperadoErro de expressão: Operador < inesperado
Esqueleto em Viena
Esqueleto em Viena
Estado de conservação
Pré histórica
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammal
Ordem: Carnivora
Família: Felidae
Género: Panthera
Espécie: Panthera leo[nota 1]
Subespécie: P. l. spelaea
Nome trinomial
Panthera leo spelaea
Goldfuss, 1810
Distribuição geográfica

Sinónimos
  • Panthera leo vereshchagini Baryshnikov & Boeskorov, 2001

Nomenclatura e classificação

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Leões-das-cavernas, Câmara dos Felinos, Cavernas Lascaux

O leão-das-cavernas é algumas vezes considerado uma espécie em si, sob o nome Panthera spelaea,[4] e pelo menos uma autoridade, baseado conclusões obtidas através de comparações do formato de crânios, considera o leão-das-cavernas como sendo um parente mais próximo do tigre, o que resultaria no nome formal Panthera tigris spelaea.[5] Entretanto, estudos genéticos recentes demonstram que, entre os felinos viventes, o leão-das-montanhas está mais proximamente relacionado ao leão moderno[6][7] e que ele compunha uma única população com o leão-das-cavernas da Beríngia,[7] que era considerado uma forma distinta. Desse modo, a distribuição do leão-das-cavernas ia da Europa ao Alasca até o final do Pleistoceno. Entretanto, não está claro ainda se ele deve ser considerado uma subespécie do leão, ou uma espécie distinta.[7][nota 1]

Análises do crânio e mandíbulas de um leão que habitou a Iacútia (Rússia), Alasca (EUA), e o Yukon (Canadá) durante o Pleistoceno sugerem que ele pertença a uma subespécie diferente de outros leões pré-históricos, Panthera leo vereshchagini, conhecido como o leão-das-cavernas do Leste Siberiano.[8] Ele seria diferenciado do Panthera leo spelaea por seu tamanho avantajado e do leão-americano (Panthera leo atrox) pelo seu tamanho e proporções de seu crânio.[8][9] Entretanto, estudos recentes utilizando análises genéticas e DNA ancestral de leões da Beríngia concluíram que não existe evidência para a separação do Panthera leo vereshchagini do leão-das-cavernas europeu. O resultado da análise de DNA dos leões da Europa e do Alasca mostram que eles são indistinguíveis, sugerindo uma única população panmítica.[1]

Evolução

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Crânio - MHNT

O leão-das-cavernas (Panthera leo spelea) evoluiu a partir do Panthera leo fossilis, que se encontrava na Europa por volta de 700 mil anos atrás. Evidências genéticas indicam que essa linhagem tenha se isolado dos leões viventes após a sua dispersão em direção da Europa.[6] O P. l. spelaea viveu entre 370 e 10 mil anos atrás, durante o Pleistoceno. Aparentemente foi extinto por volta de 12400 14C anos atrás,[7] conforme a glaciação de Würm retrocedia.

Sequências de DNA mitocondrial obtidas a partir de fósseis do leão-americano (P. l. atrox) apresentam uma linhagem irmão ao P. l. spelaea, que provavalmente surgiu quando uma população de P. l. spelaea se tornou isolada ao sul do manto de gelo norte-americano por volta de 340 mil anos atrás.[7]

Felis catus 

Neofelis nebulosa 

Panthera tigris sondaica

Panthera tigris tigris 

Panthera onca 

Panthera uncia 

Panthera pardus pardus 

Panthera pardus orientalis 

Panthera leo leo 

Panthera leo melanochaita

Panthera spelaea 

Descrição

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Réplica do leão-das-cavernas da Caverna Chauvet, França

Essa subespécie foi um dos maiores leões conhecidos. O esqueleto de um macho adulto, que foi achado em 1985 próximo de Siegsdorf (Alemanha) possui uma altura até os ombros de 1.2m (3 pés e 11 polegadas) e o comprimento cabeça-corpo de 2.1m (6 pés e 11 polegadas), sem contar a cauda. Esse é o mesmo tamanho de um leão moderno bem grande. O tamanho desse macho foi excedido por outros espécimes dessa mesma subespécie. Esse felino é 8%-10% maior que um leão moderno, porém é menor que a outra subespécie extinta Panthera leo fossilis ou o relativamente maior leão-americano (Panthera leo atrox).[10] O leão-das-cavernas também foi representado em pinturas rupestres do período paleolítico, esculturas em marfim e figuras de barro. Essas representações indicam que o leão-das-cavernas possuía orelhas arredondadas, cauda de ponta peluda e possivelmente listras esmaecidas similares a de tigres, e que possivelmente possuía uma juba primitiva ao redor dos seus pescoços, indicativas de machos. Outros artefatos arqueológicos indicam que ele foi representado em rituais religiosos no paleolítico.

Comportamento

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Leão-das-cavernas com uma rena, por Heinrich Harder

Esse carnívoro ativo provavelmente predava grandes herbívoros, incluindo cavalos, veados, renas, bisões ou mesmo mamutes feridos ou juvenis[11] que poderiam ser mortos por uma poderosa mordida.[12] Algumas das pinturas em cavernas mostram diversos leões caçando juntos, o que sugere a mesma estratégia de caça dos leões modernos. Análises de isótopos de colágeno de amostras de ossos obtidas de fósseis sugerem que a dieta dos leões-das-cavernas do noroeste europeu consistia primariamente de renas e filhotes de ursos.[13][14] Existe uma possibilidade de mudança na preferência dietária devido ao desaparecimento da hiena-das-cavernas.[14] Os últimos leões-das-cavernas parecem ter focado em renas, levando à quase extinção ou extirpação de ambas as espécies.[14]

Distribuição geográfica

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Leão-das-cavernas e outros animais da fauna da Era do Gelo no norte da Espanha, por Mauricio Antón

Leões-das-cavernas podiam ser encontrados em partes da Europa, Ásia, e noroeste da América do Norte, da Inglaterra, Alemanha e Espanha[15] e através do Estreito de Bering ao território Yukon (Canadá), e da Sibéria ao Turquistão.[16]

Habitat

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O leão-das-cavernas recebeu esse nome comum porque grande quantidades de seus restos mortais foram encontrados em cavernas.[11] Ele possuía uma grande tolerância para habitats, porém preferia florestas de coníferas e áreas gramadas,[17] onde existiam diversos herbívoros de grande porte. Pegadas fossilizadas de leões, que podem ser encontradas próximas à pegadas de renas demonstram que os leões existiam também em ambientes de clima subpolar. A presença de esqueletos articulados de leões-das-cavernas adultos dentro de cavernas com ursos indica que esses leões podem ter ocasionalmente entrado nessas tocas para atacar ursos em estado de hibernação, morrendo durante essas tentativas.[18]

Espécimes

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Esqueleto de Panthera leo spelaea no Zôo de Zagreb

Em outubro de 2015 dois filhotes de leões-da-caverna congelados, com idade estimada de 10 mil anos, foram descoberta na Iacútia, Sibéria em pergelissolo.[19][20] Pesquisas conduzidas nesses espécimes, denominados Uyan e Dina, indicam que os filhotes tinham aproximadamente uma semana de idade na ocasião de suas mortes, uma vez que sua dentição juvenil não havia brotado. Evidências adicionais indicam que os filhotes, como em leões modernos, estavam escondidos em uma toca. Pesquisadores supõe que os filhotes foram presos e mortos em uma avalanche, e que sem a presença de ar eles foram conservados em ótimas condições. Uma segunda expedição ao sítio onde eles foram encontrados está sendo planejada para 2016, na expectativa de encontrar os restos mortais de outros filhotes e talvez de sua mãe.[21]

Ver também

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Sobre leões

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Outros espécimes congelados

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Locais com espécimes congelados

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  1. a b c Os autores do estudo genético mais recente, Barnett et al.,[1] classificam o Leão-das-cavernas foi estimado a ter 340 kg, da caverna, como uma subespécie P. l. spelaea. Entretanto, pelo menos até 2014, é de comum acordo que a espécie seja mantida como P. spelaea na literatura científica, de acordo com o Google Scholar (veja a discussão em inglês talk page).

Referências

  1. a b Barnett, Ross; Shapiro, Beth; Barnes, Ian; Yo, Simon Y.W.; Burger, Joachim; Yamaguchi, Nobuyuki; Higham, Thomas F.G.; Wheeler, H.Todd; et al. (abril de 2009). «Phylogeography of lions (Panthera leo ssp.) reveals three distinct taxa and a late Pleistocene reduction in genetic diversity» (PDF). Molecular Ecology. 18 (8): 1668–1677. PMID 19302360. doi:10.1111/j.1365-294X.2009.04134.x. Consultado em 25 de março de 2016. Arquivado do original (PDF) em 21 de janeiro de 2012 
  2. http://s1.zetaboards.com/anthroscape/topic/1479394/1/
  3. http://www.ofcats.com/2008/11/european-lion.html
  4. Christiansen, Per (2008). «Phylogeny of the great cats (Felidae: Pantherinae), and the influence of fossil taxa and missing characters». Cladistics. 24 (6): 977–992. doi:10.1111/j.1096-0031.2008.00226.x 
  5. Groiss, J. Th. (1996): "Der Höhlentiger Panthera tigris spelaea (Goldfuss)". Neues Jahrbuch für Geologie und Paläontologie 7 : 399–414.
  6. a b Burger, Joachim; Rosendahl, W.; Loreille, O.; Hemmer, H.; Eriksson, T.; Götherström, A.; Hiller, J.; Collins, M. J.; Wess, T.; Alt, K. W. (março de 2004). «Molecular phylogeny of the extinct cave lion Panthera leo spelaea». Molecular Phylogenetics and Evolution. 30 (3): 841–849. PMID 15012963. doi:10.1016/j.ympev.2003.07.020. Consultado em 17 de dezembro de 2011 
  7. a b c d e Barnett, Ross; Shapiro, Beth; Barnes, Ian; Yo, Simon Y.W.; Burger, Joachim; Yamaguchi, Nobuyuki; Higham, Thomas F.G.; Wheeler, H.Todd; et al. (abril de 2009). «Phylogeography of lions (Panthera leo ssp.) reveals three distinct taxa and a late Pleistocene reduction in genetic diversity» (PDF). Molecular Ecology. 18 (8): 1668–1677. PMID 19302360. doi:10.1111/j.1365-294X.2009.04134.x. Consultado em 25 de março de 2016. Arquivado do original (PDF) em 21 de janeiro de 2012 
  8. a b Burger, Joachim; Rosendahl, Wilfried; Loreille, Odile; Hemmer, Helmut; Eriksson, Torsten; Götherström, Anders; Hiller, Jennifer; Collins, Matthew J.; Wess, Timothy; Alt, Kurt W.; et al. (março de 2004). «Molecular phylogeny of the extinct cave lion Panthera leo spelaea» (PDF). Molecular Phylogenetics and Evolution. 30 (3): 841–849. PMID 15012963. doi:10.1016/j.ympev.2003.07.020. Consultado em 25 de março de 2016. Arquivado do original (PDF) em 25 de setembro de 2007 
  9. Baryshnikov, G.F.; Boeskorov, G. (2001). «The Pleistocene cave lion, Panthera spelaea (Carnivora, Felidae) from Iacútia, Russia». Cranium. 18: 7–24 
  10. W. v. Koenigswald: Lebendige Eiszeit. Theiss-Verlag, 2002. ISBN 3-8062-1734-3
  11. a b Arduini, P. & Teruzzi, G. 1993. The MacDonald encyclopedia of fossils. Little, Brown and Company, London. 320pp.
  12. Lessem, D. 1999. Dinosaurs to dodos. An encyclopedia of extinct animals. Scholastic, New York. 122pp.
  13. Curry, A. (21 de novembro de 2011). «Dissecting the Cave Lion Diet». Science Now. AAAS. Consultado em 25 de março de 2016. Arquivado do original em 26 de novembro de 2011 
  14. a b c Bocherens, H.; Drucker, D. G.; Bonjean, D.; Bridault, A.; Conard, N. J.; Cupillard, C.; Germonpré, M.; Höneisen, M.; Münzel, S. C.; Napieral, H.; Patou-Mathis, M.; Stephan, E.; Uerpmann, H.-P.; Ziegler, R. (6 de dezembro de 2011). «Isotopic evidence for dietary ecology of cave lion (Panthera spelaea) in North-Western Europe: Prey choice, competition and implications for extinction». Quaternary International. 245 (2): 249–261. Bibcode:2011QuInt.245..249B. doi:10.1016/j.quaint.2011.02.023. Consultado em 24 de novembro de 2011 
  15. (Arduini & Teruzzi, 1993)
  16. «'Supersize' lions roamed Britain»  BBC News 1 April 2009
  17. Hublin, J.-J. 1984. The Hamlyn encyclopedia of prehistoric animals. Hamlyn, London. 318pp.
  18. «15TH INTERNATIONAL CAVE BEAR SYMPOSIUM SPIŠSKÁ NOVÁ VES, SLOVAKIA, 17th – 20th of September 2009» (PDF). Consultado em 25 de março de 2016. Arquivado do original (PDF) em 31 de março de 2010 
  19. «Meet this extinct cave lion, at least 10,000 years old - world exclusive». siberiantimes.com. Consultado em 29 de outubro de 2015 
  20. Switek, Brian (28 de outubro de 2015). «Frozen Cave Lion Cubs from the Ice Age Found in Siberia». National Geographic News. Consultado em 29 de outubro de 2015 
  21. http://siberiantimes.com/science/casestudy/news/n0491-whiskers-still-bristling-after-more-than-10000-years-in-the-siberian-cold/

Ligações externas

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