Guerra dos Trezentos e Trinta e Cinco Anos
A Guerra dos Trezentos e Trinta e Cinco Anos (em neerlandês: Driehonderdvijfendertigjarige Oorlog) foi um estado teórico de guerra entre os Países Baixos e as Ilhas Scilly (localizadas na costa sudoeste do Reino Unido). Durou 335 anos sem ter havido um disparo,[1] e é, não só a guerra mais longa da história, mas também a que produziu menos danos. Apesar da incerta validade da declaração de guerra, a paz só se declarou finalmente em 1987.
Guerra dos Trezentos e Trinta e Cinco Anos | |||
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Ilhas Scilly República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos | |||
Data | 30 de março de 1651 – 17 de abril de 1986 | ||
Local | Ilhas Scilly | ||
Desfecho | Inconclusivo | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Baixas | |||
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A guerra
editarOrigens
editarA origem da guerra está na Segunda Guerra Civil Inglesa, cujos beligerantes eram os realistas e os parlamentaristas entre 1642 e 1652. Oliver Cromwell teve que lutar contra os realistas nos limites do Reino de Inglaterra. A oeste de Inglaterra sabia-se que a Cornualha era o último bastião dos realistas. Em 1648, Cromwell controlava o lado continental da Cornualha e estava nas mãos dos parlamentaristas.
O ponto forte dos realistas era a Marinha Real Britânica, que trabalhava para o Príncipe de Gales Carlos II. A Marinha Realista foi forçada a retirar-se para as Ilhas Scilly, que estavam sob o domínio do realista Sir John Grenville.
Marinha da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos
editarA marinha da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos era aliada dos parlamentaristas. Os Países Baixos tinham sido administrados por uma série de governantes ingleses durante a Guerra dos Oitenta Anos (1568–1648). O Tratado de Münster (30 de janeiro de 1648) confirmou a independência dos Países Baixos em relação à Espanha. A jovem nação quis manter a aliança com Inglaterra e escolheu aliar-se no que lhes parecia ser o lado vitorioso da Segunda Guerra Civil Inglesa.
A marinha dos Países Baixos sofreu pesadas baixas impostas pela armada realista baseada nas ilhas Scilly. Em 30 de março de 1651, o almirante Maarten Harpertszoon Tromp chegou às Scilly para exigir uma indemnização aos realistas pelos danos sofridos pelos navios e bens neerlandeses.
De acordo com as memórias de Whitelocke (citadas em Bowley, 2001), uma carta de 17 de abril de 1651 expõe: "Tromp chegou a Pendennis e relatou que tinha ido às Scilly procurar reparação para os navios neerlandeses e bens tomados pelos realistas; não recebendo resposta satisfatória, declarou, de acordo com a sua comissão, a guerra."
Como a maior parte da Inglaterra estava nas mãos dos parlamentaristas, a guerra foi declarada especificamente às ilhas Scilly.
Rendição Monarquista
editarEm junho de 1651, pouco depois da declaração de guerra, os parlamentaristas, sob direcção do almirante Robert Blake, forçaram os navios realistas a render-se. A frota neerlandesa, já sem estar sob ameaça, deixou a zona sem disparar um só tiro. Devido à obscuridade da declaração de guerra da nação contra uma pequeníssima parte de outra, nunca foi declarada a paz.
Tratado de Paz
editarEm 1985, Roy Duncan, historiador e presidente do Conselho das Ilhas Scilly, escreveu à Embaixada dos Países Baixos em Londres para eliminar o mito de que as ilhas ainda estavam em guerra. Funcionários do Conselho convidaram o embaixador neerlandês, Rein Huydecoper, a visitar as ilhas e assinar um tratado de paz. E assim, 335 anos após a "guerra", a paz foi declarada em 17 de abril de 1986. O embaixador brincou, dizendo que deve ter sido angustiante, durante todos esses anos, para os habitantes das Ilhas Scilly "saberem que poderiam ser atacados a qualquer momento".[2]
Bibliografia
editar- "Scilly peace". The Times, 19 de abril de 1986.
- Bowley, RL (2001). Scilly At War, pp. 37, 38 & 65. Isles of Scilly, UK: Bowley Publications Ltd. ISBN 0-900184-34-5.
Referências
- ↑ «335 Year War». Consultado em 12 de outubro de 2007. Arquivado do original em 12 de outubro de 2007
- ↑ Britain: Peace In Our Time