Gracilaria é um género de algas vermelhas (Rhodophyta) de importância económica para a produção de agar e para uso alimentar de seres humanos e de várias espécies de animais marinhos. A agarose extraída industrialmente de algas deste género é usada como ingrediente na produção de gelatinas. Várias espécies são cultivadas nas regiões subtropicais e tropicais.[1]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaGracilaria
Gracilaria sp.
Gracilaria sp.
Classificação científica
Reino: Archaeplastida
Filo: Rhodophyta
Clado: Primoplantae
Classe: Florideophyceae
Ordem: Gracilariales
Família: Gracilariaceae
Género: Gracilaria
Greville, 1830
Espécies

Descrição

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O género Gracilaria inclui algas marinhas de porte moderado, de vida livre, em geral erectas e com talos lineares, muito ramificadas. Os talos são cartilaginosos, cilíndricos ou planos, emergindo de pequenos nódulos ou de um disco adesivo. Cada espécime é composto por um ou mais eixos de crescimento indefinido, em geral em pequeno número, dicotomicamente ou por vezes irregularmente ramificados. A estrutura de suporte é monoaxial ou de filamento central, que se altera com o crescimento transformando-se num talo parenquimatoso com córtex e medula bem diferenciados. Nalguns casos ocorre uma mudança brusca ou gradual no tamanho das células desde a zona central para a periférica. A camada externa de células está disposta em ângulo recto com a superfície do talo, formando cadeias celulares. A medula é formada por grandes células parenquimatosas incolores.[2] As espécies que integram o género são heterotálicas, com diferenças na estrutura dos talos que permite distinguir as espécies.

Espermatângios em soros superficiais ou conceptáculos. Filamentos carpogoniais de duas células, com carpogónio que se alonga após a fertilização e se funde com as células vizinhas para formar uma grande célula placental. Os filamentos gonoblásticos crescem em direcção à superfície do talo, formando uma massa compacta, com as células terminais a se desenvolverem em carposporos. Cistocarpos inseridos em talos mais alongados, esféricos ou cónicos, sésseis, ostiolados, em geral providos de um pequeno gonimoblasto basal. Carposporângios alimentados através de filamentos alimentadores formados por células tubulares que se estendem até ao pericarpo. Tetrasporângios em geral distribuídos pelos talos somáticos. Tetrasporos cruciados.

As espécie Gracilaria bursa-pastoris (S.G.Gremlin) Silva e Gracilaria multipartita (Clemente) Harvey encontram-se desde há muito estabelecidas nas costas do sul da Inglaterra e do noroeste da França, mas a dificuldade em delimitar estas espécies de outros membros do complexo específico a que pertencem, nomeadamente as espécies Gracilaria gracilis (Stackhouse) Steentoft, L.Irvine & Farnham e Gracilariopsis longissima (S.G.Gmelin) Steentoft, L. Irvine & Farnham (descrita como Gracilaria verrucosa (Hudson) Papenfuss ou Gracilaria confervoides (L.) Greville) (Steentoft et al. 1995)), tem impedido o reconhecimento do limite setentrional de distribuição destas espécies.[3]

As algas do género Gracilaria são usadas como alimento na cozinha japonesa, cozinha havaiana e na cozinha filipina.[4] Na tradição culinária japonesa os produtos derivados das algas deste género são desligados por ogonori ou ogo, enquanto que nas Filipinas é conhecido por gulaman e usado na confecção de um tipo de gelatina também designada por gulaman.[5] Na Jamaica estas algas são conhecidas por Irish moss (musgo irlandês).[6]

Os oligossacarídeos extraídos de algas do género Gracilaria com grau de polimerização 6 preparados por digestão de polissacarídeos pela agarase dessas algas foram identificados como agentes profilácticos eficazes durante experiências in vitro e in vivo de infecção viral com o agente da encefalite japonesa. Os oligossacarídeos sulfonados de de Gracilaria sp. aparentam ser candidatos promissores para ulterior desenvolvimento como agentes antivirais.[7]

As espécies de Gracilaria aparecem com frequência comercializadas como macroalgas para utilização em aquariofilia. A capacidade de absorção de nutrientes faz destas espécies uma boa escolha para refúgio de pequenos peixes de aquário, sendo que as suas frondes são palatáveis para diversas espécies de peixes herbívoros, entre os quais os pertencentes à família Acanthuridae.

Notas

  1. Steentoft, M. and Farham, W.F. 1997. Northern distribution boundaries and thermal requirements of Gracilaria and Gracilariopsis (Gracilariales, Rhodophyta) in Atlantic Europe and Scandinavia. Nord. J. Bot. 5: 87 - 93
  2. Anatomía de géneros representantes de las algas multicelulares. Anatomia Vegetal 2012.
  3. Steentoft, M. and Farham, W.F. 1997. Northern distribution boundaries and thermal requirements of Gracilaria and Gracilariopsis (Gracilariales, Rhodophyta) in Atlantic Europe and Scandinavia. Nord. J. Bot. 5: 87–93
  4. Kyaw, Aye, The Production of Gracilaria eduli in Burma, Report of the Training Course on Gracilaria Algae, Manila, Philippines, 1–30 April 1981, accessed 27 April 2013
  5. Davidson, Alan (2004). Seafood of South-East Asia: A Comprehensive Guide with Recipes. [S.l.]: Ten Speed Press. 197 páginas. ISBN 978-1-58008-452-9 
  6. Thomas J. Goreau; Robert Kent Trench (2013). Innovative Methods of Marine Ecosystem Restoration. [S.l.]: CRC Press. pp. 193–. ISBN 978-1-4665-5773-4. Consultado em 30 de junho de 2013 
  7. Kazłowski B, Chiu YH, Kazłowska K, Pan CL, Wu CJ (agosto de 2012). «Prevention of Japanese encephalitis virus infections by low-degree-polymerisation sulfated saccharides from Gracilaria sp. and Monostroma nitidum». Food Chem. 133 (3): 866–74. doi:10.1016/j.foodchem.2012.01.106 

Ver também

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Ligações externas

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