Fernando Pinto (carnavalesco)
Carlos Fernando Ferreira Pinto (Recife, 6 de maio de 1945 — Rio de Janeiro, 29 de novembro de 1987) foi um carnavalesco, artista visual, diretor de teatro e cantor brasileiro.
Fernando Pinto | |
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Informações pessoais | |
Nome completo | Carlos Fernando Ferreira Pinto |
Data de nasc. | 6 de maio de 1945 |
Local de nasc. | Recife, Pernambuco, ![]() |
Falecido em | 29 de novembro de 1987 (42 anos) |
Local da morte | Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, ![]() |
Informações profissionais | |
Escolas de samba |
Celebrado como um dos carnavalescos mais geniais da história do carnaval carioca, ganhou destaque no Império Serrano e da Mocidade Independente de Padre Miguel nos anos 70 e 80. Faleceu precocemente num acidente de carro.[1][2][3]
Biografia
editarCresceu em Recife, onde começou a estudar teatro, tendo se mudado para o Rio de Janeiro em 1969. No Rio construiu uma carreira no teatro como diretor, coreografo, cenógrafo e figurinista. Atuou na peça teatral Ópera do Malandro, e outras. Fez parte da segunda geração do grupo Dzi Croquettes. Dirigiu e elaborou figurinos e cenários para artistas como As Frenéticas, Elba Ramalho, Ney Matogrosso e Chico Anysio.
Trajetória no carnaval
editarComeçou a carreira de carnavalesco no Império Serrano, em 1971, assumindo a missão de substituir Acir Pimentel e Swayne Moreira Gomes[4]. Levou a escola de Madureira ao terceiro lugar no Carnaval daquele ano, com o enredo Nordeste, seu povo, seu canto, sua gente[5], e ganhou o título de 1972 com Alô, alô, taí Carmen Miranda. Permaneceu no Império até 1976, quando A lenda das sereias, rainhas do mar obteve apenas o sétimo lugar. Voltou dois anos depois, mas o desfile Oscarito, carnaval e samba, uma chanchada no asfalto foi desastroso, culminando com o primeiro rebaixamento da história do Império.
Mas foi na década de 1980, contratado pela Mocidade Independente de Padre Miguel, que Fernando Pinto brilhou, amadurecendo seu estilo de forte influência tropicalista. O enredo Tropicália Maravilha, combinando flores, frutas e diversas plantas, numa explosão de cores, deu à escola o vice-campeonato de 1980, ao lado de Vila Isabel e União da Ilha.
Depois de uma rápida passagem pela Estação Primeira de Mangueira, no desfile de 1982, voltou à Mocidade e conquistou seu segundo título em 1985.
Ziriguidum 2001 – Carnaval nas estrelas foi a consagração do estilo de Fernando Pinto, que explorou a luz do sol (a escola desfilou pela manhã) com fantasias e alegorias prateadas. Misturou estrelas, espaçonaves, discos voadores, alienígenas e astronautas para imaginar um carnaval de ficção científica.
Tentou a carreira de cantor com o LP Estrelas, em 1986. Em 1987, apresentou o inesquecível Tupinicópolis, enredo que apresentava a cidade indígena com todos os elementos da cultura capitalista sobre o olhar nativo. Apontada como a grande favorita do ano, a Mocidade acabou com o vice-campeonato. Seu último enredo, "Beijim, Beijim, Bye Bye Brasil" (1988), vislumbrava um Brasil utópico após uma nova constituição que dividiria o país em sete "Brasiléias encantadas" como a Brasiléia Amazônica; Brasiléia Sertaneja; Brasiléia Praieira; Brasiléia dos Pampas; e Brasiléia Federal.[6][7]
Morte
editarFernando Pinto morreu por volta das seis horas da manhã do dia 29 de novembro de 1987, num acidente de carro na Avenida Brasil. Fernando voltava da quadra da Mocidade após participar de uma festa anual em homenagem aos destaques da escola. Fernando voltava para sua casa, em Copacabana, no seu carro, um Gurgel branco, junto com seu assistente, Adalmir Braga da Silva, e seu motorista, Sérgio Roberto da Conceição, que estava dirigindo. Na altura do Ceasa, o veículo chocou-se violentamente contra um poste no acostamento da direita da pista central de descida. Os três ocupantes foram socorridos por um taxista e levados para o Hospital do INAMPS de Irajá, onde Fernando já chegou morto devido a um traumatismo craniano. Sérgio e Adalmir foram transferidos para o Hospital Getúlio Vargas e sobreviveram.[8] O carnavalesco foi velado na quadra da Mocidade e enterrado no Cemitério Parque Jardim da Saudade, em Sulacap.[9]
Homenagens
editarFernando foi homenageado pela União de Rocha Miranda, que em 1990 levou à avenida o enredo "Mamãe, Eu Quero Fernando Pinto, Ziriguidum e Carnaval".[10] Em 2014, foi a vez da Mocidade reconhecer o seu papel com o enredo "Pernambucópolis", que transportou a fictícia Tupinicópolis (enredo feito por ele em 1987) para o estado de Pernambuco, terra natal do carnavalesco.[11]
Carnavais
editarAbaixo, a lista de desfiles assinados por Fernando Pinto.
Ano | Escola | Colocação | Divisão | Enredo |
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1971 | Império Serrano | 3.º lugar | 1 | Nordeste - seu povo, seu canto, sua gente |
1972 | Império Serrano | Campeã | 1 | Alô, alô, taí Carmem Miranda |
1973 | Império Serrano | Vice-campeã | 1 | Viagem encantada Pindorama adentro |
1974 | Império Serrano | 3.º lugar | 1 | Dona Santa, rainha do maracatu |
1975 | Império Serrano | 3.º lugar | 1 | Zaquia Jorge, a vedete do subúrbio, estrela de Madureira |
1976 | Império Serrano | 7.º lugar | 1 | A lenda das sereias, rainhas do mar |
1978 | Império Serrano | 7.º lugar | 1 | Oscarito, carnaval e samba, uma chanchada no asfalto |
1980 | Mocidade | Vice-campeã | 1A | Tropicália Maravilha |
1982 | Mangueira | 4.º lugar | 1 | As mil e uma noites cariocas |
1983 | Mocidade | 6.º lugar | 1A | Como era verde meu Xingu |
1984 | Mocidade | Vice-campeã | 1A | Mamãe eu quero Manaus |
1985 | Mocidade | Campeã | 1A | Ziriguidum 2001, carnaval nas estrelas |
1987 | Mocidade | Vice-campeã | 1 | Tupinicópolis |
1988 | Mocidade | 8.º lugar | 1 | Beijim, beijim, bye bye Brasil |
Títulos e estatísticas
editarDivisão | Campeonato |
Ano | Vice |
Ano | Terceiro lugar |
Ano |
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Primeira divisão |
1 | 1972 (Império Serrano) e 1985 (Mocidade) | 4 | 1973, 1980, 1984, 1987 | 3 | 1971, 1974, 1975 |
Premiações
editar- 1972 - Melhores fantasias (Império Serrano) [12]
- 1972 - Melhor enredo (Império Serrano - "Alô, alô, taí Carmem Miranda") [12]
- 1973 - Melhores fantasias (Império Serrano) [13]
- 1983 - Melhor enredo (Mocidade - "Como Era Verde Meu Xingu") [14]
- 1985 - Prêmio extra de criatividade [15]
- 1987 - Melhor enredo (Mocidade - "Tupinicópolis") [16]
Discografia
editar- 1986 - Estrelas
Referências
- ↑ «Os 25 anos sem Arlindo Rodrigues e Fernando Pinto». Extra. Consultado em 21 de fevereiro de 2019
- ↑ «Eterno! Paulo Barros grava depoimentos para posteridade do Museu da Imagem e do Som». Sambarazzo. Consultado em 21 de fevereiro de 2019
- ↑ «Genial e genioso». SRzd. Consultado em 21 de fevereiro de 2019
- ↑ Fernando Pinto. Samba Rio
- ↑ Império Serrano 1971. Galeria do samba
- ↑ «Unidos da Tijuca: Um animado papo de botequim; As brasiléias do utópico e crítico enredo da Mocidade». O Globo. 14 de fevereiro de 1988. p. 4. Consultado em 13 de agosto de 2019. Arquivado do original em 13 de agosto de 2019
- ↑ «Unidos da Tijuca: No país do absurdo; Mocidade Independente: Por um Brasil melhor». Jornal do Brasil: 4. 14 de fevereiro de 1988. Consultado em 15 de janeiro de 2021. Cópia arquivada em 15 de janeiro de 2021
- ↑ «Fernando Pinto se despede do samba». O Globo. 30 de novembro de 1987. p. 1 – Segundo Caderno. Consultado em 12 de agosto de 2019. Arquivado do original em 12 de agosto de 2019
- ↑ «Centenas de sambistas homenageiam carnavalesco». O Globo. 1 de dezembro de 1987. p. 11. Consultado em 12 de agosto de 2019. Arquivado do original em 12 de agosto de 2019
- ↑ União de Rocha Miranda 1990. Galeria do samba
- ↑ Mocidade costura biografia de carnavalesco à história de Pernambuco. R7, 21 de fevereiro de 2014
- ↑ a b «Império Ganha Quatro dos Dez Estandartes de Ouro». O Globo. 16 de fevereiro de 1972. p. 7. Consultado em 21 de junho de 2019. Arquivado do original em 21 de junho de 2019
- ↑ «Mangueira, Salgueiro e Império dividem os Estandartes de Ouro». O Globo. 7 de março de 1973. p. 3. Consultado em 22 de junho de 2019. Arquivado do original em 22 de junho de 2019
- ↑ «Os ganhadores do Estandarte». O Globo. 16 de fevereiro de 1983. p. 9. Consultado em 30 de julho de 2019. Arquivado do original em 30 de julho de 2019
- ↑ «Estandarte premia inovação do desfile: simpatia». O Globo. 20 de fevereiro de 1985. p. 2. Consultado em 30 de julho de 2019. Arquivado do original em 30 de julho de 2019
- ↑ «Estandarte de Ouro 1987: Vila Isabel é a melhor escola e Império leva mais troféus». O Globo. 4 de março de 1987. p. 2. Consultado em 12 de agosto de 2019. Arquivado do original em 12 de agosto de 2019