Bruges
![]() Brugge | |
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![]() localização do município, no distrito e na província | |
Brasão | Bandeira |
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Geografia | |
Região | Flandres |
Província | Flandres Ocidental |
Distrito | Bruges |
Coordenadas | 51°13' N, 3°14' E |
Área | 138.40 km² |
Demografia | |
População – Homens – Mulheres – Densidade |
117 170 (2013) 48,81% 51,19% 850 hab./km2 |
Faixa Etária 0–19 anos 20–64 anos 65 anos ou mais |
() % % % |
Estrangeiros | 6,78%% () |
Economia | |
Desemprego | % () |
Renda per capita | |
Política | |
Burgomestre | |
Coalizão/partido | |
Escabinos | |
Código postal | |
Código postal | deelgemeenten /entités (submunicípios) |
8000, 8000, 8200, 8200, 8310, 8310, 8380, 8380 |
Brugge, Koolkerke, Sint-Andries, Sint-Michiels, Assebroek, Sint-Kruis, Dudzele, Lissewege |
Outras informações | |
Código telefônico | 050 |
Código NIS | 31005 |
Website | www |
Bruges ([ˈbɾuʒɨʃ] (português europeu) ou [ˈbɾuʒis] (português brasileiro); em neerlandês: Brugge [ˈbrʏɣə] (ⓘ); em francês: Bruges [bʁyːʒ] (ⓘ); em alemão: Brügge [ˈbrʏɡə]) é uma cidade belga, capital da província de Flandres Ocidental, na região da Flandres.[1] Tem cerca de 117 mil habitantes (2013). Foi a capital europeia da cultura em 2002, juntamente com a cidade espanhola de Salamanca.[1]
Bruges é chamada de "Veneza do Norte", por causa de seus inúmeros canais que a cercam ou a atravessam, mas também a ligam principalmente com a cidade de Gante.[1]
Diversos passeios de barco são propostos aos turistas, alguns dos quais permitindo chegar às cidades vizinhas.[2] A cidade apresenta ainda as ruínas de uma fortaleza, bem como moinhos às margens dos canais.[2]
História
editarSão praticamente inexistentes traços de civilização e atividade humana anteriores à era pré-romana gaulesa na região de Bruges. As primeiras fortificações foram construídas após a conquista do Menappi por Júlio César no século I a.C., com intuito de proteção da zona costeira contra piratas. Já no século IV, a região foi tomada aos romanos pelos Francos e as incursões dos viquingues, por volta do século IX, obrigaram a que Balduíno I da Flandres reforçasse as antigas fortificações.[3] Foi também nesta época que se fortaleceram as relações comerciais com a Inglaterra e a Escandinávia e surgiram as primeiras moedas gravadas com o nome Bryggia.[3]
Foi a 27 de julho de 1128 que Bruges foi elevada a cidade e construiu novas muralhas e canais. Desde cerca de 1050, um gradual avanço do lodo em direção da cidade, provocou a obstrução dos acessos diretos com o mar, mas uma violenta tempestade em 1134 restabeleceu-os através da criação de um canal natural (Zwin).[3]
Com o raiar do século XII, Bruges foi incluída no circuito comercial flamengo, sobretudo devido à sua emergente indústria de lã e tecidos. Os principais mercadores da cidade apostaram no desenvolvimento de "colónias económicas" em Inglaterra e na Escócia e os seus contactos trouxeram grão da Normandia e vinhos da Gasconha para a região. Os navios hanseáticos atracavam diariamente no porto que, face a este crescimento e sobrecarga, teve de ser expandido de Damme até Sluys para acomodar os novos cog-ships.[3]
Em 1277, o primeiro barco mercante partiu de Génova e atracou no porto de Bruges, o primeiro da rota mercantil que tornou Bruges a principal conexão com o comércio do mar Mediterrâneo.[1] Para isso concorreu a vitória da marinha genovesa sobre a frota muçulmana que guardava o estreito de Gibraltar, liberando essa poderosa rota de comércio ocidental, possibilitando viagens regulares entre Bruges e Gênova, em grandes navios redondos. As empresas italianas para terem grande sucesso montaram sucursais em Bruges que geravam volumes de negócios na mesma dimensão de suas matrizes no norte da Itália a exemplo da sucursal de Banco Médicis em Bruges que ganhou mais dinheiro que sua sede em Florença.[4]
Este desenvolvimento permitiu não só a abertura para a rota das especiarias de Levante, mas também a introdução de avançadas técnicas comerciais e financeiras e um fluxo de capital que rapidamente tomou conta das transações bancárias da cidade.[3][5]
Bruges é considerada o berço das bolsas de valores modernas. No século XIII, comerciantes se reuniam na casa da família Van der Beurze, com o objetivo de comprar e vender documentos que certificassem a posse de certas comodities (mercadorias e produtos agrícolas) disponíveis no mercado.[5] Isso deu origem ao termo "bourse" (bolsa, em francês).[6]
Esse sistema de negociação informal evoluiu para os mercados financeiros que conhecemos hoje.[6] A bolsa de valores abriu oficialmente em 1309 e desenvolveu-se no mais sofisticado mercado financeiro dos Países Baixos no século XIV.[1] Na primeira bolsa de valores do mundo não se vendiam ações de empresas; o que se vendiam eram importantes documentos comerciais como letras de câmbio e hipotecas, papéis que eram a base do capitalismo medieval.[7]
No século XV, Filipe O Bom, duque da Borgonha assentou corte em Bruges (bem como em Bruxelas e em Lille) atraindo muitos artistas, banqueiros e outras personalidades proeminentes de toda a Europa.[8]
A primeira impressão de um livro em inglês foi publicada em Bruges por William Caxton.[9] Foi igualmente uma época em que Eduardo IV e Ricardo III de Inglaterra passaram o seu exílio na cidade flamenga.[3]
No início de 1500, o canal Zwin, que fora responsável pela prosperidade da cidade, começou também ele a ficar obstruído por lodo. Bruges foi rapidamente ultrapassada por Antuérpia como o centro económico dos Países Baixos.[3] Durante a década de 1650, a cidade foi a base para a estadia de Carlos II de Inglaterra e a sua corte no seu exílio. A infraestrutura marítima foi modernizada e foram construídas novas ligações ao mar, mas sem um grande sucesso.[3]
Na segunda metade do século XIX, Bruges tornou-se num dos primeiros destinos turísticos, atraindo turistas britânicos e franceses. O porto de Zeebrugge foi construído em 1907 e utilizado pelas tropas alemãs no decorrer da Primeira Guerra Mundial para atracar os seus submarinos.[1] Nas décadas de 1970 e 1980, foi alargado e tornou-se um dos mais importantes e modernos portos da Europa. O turismo internacional cresceu exponencialmente desde então e todos estes esforços resultaram na designação de Bruges com Capital Europeia da cultura em 2002.[1]
Divisão administrativa
editarTipo | Cultural |
Critérios | ii, iv, vi |
Referência | 996 en fr es |
Região ♦ | Europa e América do Norte |
País | Bélgica |
Histórico de inscrição | |
Inscrição | 2000 |
★ Nome usado na lista do Património Mundial ♦ Região segundo a classificação pela UNESCO |
Desde 1971, o município de Bruges se encontra dividido em oito deelgemeenten.
# | Nome | Área (km²) | População (01/01/2006) |
---|---|---|---|
I |
Bruges (deelgemeente) - Centrum - Kristus-Koning - Sint-Jozef - Sint-Pieters |
29,91 1,01 13,70 |
37.129 20.276 4.428 4.880 7.545 |
II | Koolkerke | 4,17 | 3.145 |
III | Sint-Andries | 20,65 | 19.366 |
IV | Sint-Michiels | 9,59 | 12.346 |
V | Assebroek | 8,52 | 19.395 |
VI | Sint-Kruis | 16,84 | 16.148 |
VII | Dudzele | 21,92 | 2.555 |
VIII |
Lissewege - Lissewege - Zeebrugge - Zwankendamme |
26,80 11,44 |
7.129 2.491 3.924 714 |
Patrimônio mundial
editarDesde 2000, o Centro Histórico da cidade foi adicionado à lista de Patrimônio Mundial da UNESCO.[1]
Personalidades de Bruges
editar- Filipe, o Belo, conde da Flandres
- Hans Memling
- Simon Stevin
- João Luís Vives
- Martim Leme
Apesar de não nascidos na cidade, dois grandes mestres da pintura, Hans Memling e Jan van Eyck viveram e trabalharam lá, por um período.
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e f g h «Population per municipality on 1 January 2012»
- ↑ a b «Bruges aplica novas restrições ao turismo após receber mais de 10 milhões de visitantes em 2023 para conter o turismo excessivo e proteger a qualidade de vida dos moradores». TTW. 7 de novembro de 2024. Cópia arquivada em 6 de março de 2025
- ↑ a b c d e f g h Dumolyn, Jan; Declercq, Georges; Meijns, Brigitte; Hillewaert, Bieke; Hollevoet, Yann; Ryckaert, Marc; De Clercq, Wim (2018). Brown, Andrew; Dumolyn, Jan, eds. «Origins and Early History». Cambridge: Cambridge University Press: 7–51. ISBN 978-1-108-41965-9. Consultado em 6 de março de 2025
- ↑ ´STARK, Rodney. A Vitória da Razão p. 181
- ↑ a b DeMatos, Daniel (7 de setembro de 2020). «The Original Bourse at Bruges». The Tontine Coffee-House (em inglês). Consultado em 6 de março de 2025
- ↑ a b Bultinck, Leen; Schoeters, Seppe (17 de janeiro de 2024). «The origins of the stock exchange: from the Ter Buerse inn to Wall Street». Museum NBB. Consultado em 6 de março de 2025. Cópia arquivada em 17 de janeiro de 2025
- ↑ STARK, Rodney. A Vitória da Razão. p. 181-182
- ↑ «Philip III | Duke of Burgundy, French Ruler & Patron of the Arts | Britannica». www.britannica.com (em inglês). Consultado em 6 de março de 2025
- ↑ lmassey (16 de março de 2012). «Why was the first English book printed in Bruges?». Peter Harrington Journal - Rare and First Edition Books (em inglês). Consultado em 6 de março de 2025