Batalha de Ravena (1512)

 Nota: Para outros significados, veja Batalha de Ravena.

A Batalha de Ravena, travada em 11 de abril de 1512, entre as forças da Liga Sagrada (Estados Pontifícios e Reis Católicos) e o Reino da França, foi a maior batalha da Guerra da Liga de Cambrai, durante as chamadas Guerras Italianas. Registrou uma maciça vitória francesa que, entretanto, não se revelou suficiente para assegurar seu domínio sobre o norte italiano, de onde foram forçados a se retirar em agosto de 1512.

Batalha de Ravena
Guerra da Liga de Cambrai
Data 11 de abril de 1512
Local cercanias de Ravena, Itália
Desfecho Vitória francesa e ferraresa.
Beligerantes
Reino da França,
Ducado de Ferrara
Espanha,
Estados Pontifícios
Comandantes
Gastão de Foix Raimundo de Cardona
Forças
~23 000 ~16 000
Baixas
3 000 — 4 500 mortos
~4 500 feridos
~9 000 mortos
 ? feridos

Prelúdio

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No começo de fevereiro de 1515, as forças francesas na Itália, recentemente comandadas por Gastão de Foix, Duque de Nemours, empenharam-se na captura de cidades da Romanha e do Vêneto, numa tentativa de negar o controle dessas regiões às forças da Liga Sagrada.

Embora tendo êxito em vários cercos, Nemours estava preocupado com a iminente invasão de França por Henrique VIII da Inglaterra, o que obrigaria a retirada de seu exército, razão pela qual recebeu ordens para precipitar uma luta contra as forças inimigas o quanto antes.

Assim, em fins de março, o Duque de Nemours, junto a um contingente italiano sob comando de Alfonso I d'Este, Duque de Ferrara, marchou a leste para Bolonha e ergueu o cerco à cidade de Ravena, que era defendida por tropas papais.

O papa Júlio II, alarmado com a perspectiva de perder seu último reduto seguro na Romanha, exigiu que um exército fosse enviado para libertar a cidade. Raimundo de Cardona teve que concordar, e o exército espanhol partiu para lá, reforçado por uma companhia das tropas papais.

Em 9 de abril cruzaram Forlì, e avançavam para o norte ao longo do Rio Ronco rumo à cidade, alcançando no dia seguinte Molinaccio, a somente uma milha das tropas francesas, mas ainda destas separados pelo Ronco. Nemours, carente de suprimentos e ansioso por iniciar logo a batalha antes de sua retirada da Itália, ordenou um ataque geral, no dia seguinte.

Batalha

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Os dois exércitos na Batalha de Ravenna.

Disposições

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As forças, posições relativas e comandos dos elementos que compunham ambos os exércitos são dados obscuros, e diferentes disposições são oferecidas pelos historiadores.[1]

O exército francês dispôs-se em arco a leste do campo fortificado de Cardona; próximo ao rio postaram-se perto de 900 homens da cavalaria pesada, sob comando de Jacques de La Palice e Alfonso d'Este.[2] Perto dessa cavalia estava o grosso da infantaria. De acordo com Charles Oman, esta consistia em três unidades separadas: 3 500 arqueiros da Gasconha, 5 000 lansquenês sob comando de Jacob Empser, e 3 000 picardos e gascões sob comando de Thomas Bohier, senescal da Normandia.[3] Frederick Taylor informa os grupos de infantaria com apenas duas unidades: 9 500 lansquenês sob Empser e 8 000 "arqueiros gascões e piqueiros picardos" sob o Seigneur de Molart.[4] A cavalaria pesada da "batalha principal" consistia de 780 homens, comandados por somente Bohier, ou ainda por Bohier junto a Odet de Foix (Visconde de Lautrec), Louis d'Ars e o Senhor de Bayard.[5] Esta cavalaria ocupou uma de duas posições: de acordo com Oman e Thomas Arnold, postou-se à esquerda no arco formado pela cavalaria francesa, enquanto Taylor as coloca na logo atrás da cavalaria, na retaguarda, próximo ao rio.[6] Mais distante, à esquerda da linha de frente francesa a cavalaria da "batalha principal", de acordo com Oman e Arnold, ou diretamente ao flando da infantaria, consoante Taylor - estava o corpo de retaguarda do exército, comandado por Yves d'Alégre.[7] Este era composto de cerca de 4 000 homens de infantaria, principalmente italianos sob comando de Frederigo de Bozzolo, flanqueados, na extrema-esquerda, por aproximadamente 2 000 homens da cavalaria ligeira sob ordens de Gian Bernardo Caracciolo.[8]

Referências

  1. Arnold, Renaissance at War, 166; Oman, Art of War, 134–138, 143; Taylor, Art of War, 182–185, 206–207. Taylor baseia suas contas basicamente em informes de Guicciardini e Pandolfini sobre as posições da unidades, e nas contas de Sanuto, para os números; ele acentua que Sanuto aparentemente reporta os dados oficiais de cada exército, ao invés de apresentar o número real de homens. Oman também segue os números de Sanuto, que considera "mais confiável do que detalhes e figurações posteriores dadas por Guicciardini e outros" (Oman, Art of War, 134).
  2. Arnold, Renaissance at War, 166; Oman, Art of War, 134–135, 143; Taylor, Art of War, 182. Taylor gives the number of men in the vaward as 910.
  3. Oman, Art of War, 134–135, 143. Oman repara que o segundo grupo de infantaria francesa fez de fato parte do "principal da batalha" em vez de ocupar a "retaguarda". Arnold dá igual posicionamento das unidades, mas não menciona seu número ou os respectivos comandantes.(Arnold, Renaissance at War, 166).
  4. Taylor, Art of War, 183.
  5. Oman, Art of War, 134; Taylor, Art of War, 182–183. Taylor cita apenas Bohier como comandante, enquanto Oman lista-o junto aos demais.
  6. Arnold, Renaissance at War, 166; Oman, Art of War, 134–136, 143; Taylor, Art of War, 182–183, 207. Taylor anota que seguiu os registros de Guicciardini colocando a cavalaria atrás da linha principal. Oman reconhece neste ponto a Guicciardini, mas considera isto "difícil de conciliar com alguns dos detalhes da luta que se seguiu dados por outros escritores"; ele acredita que "parece mais provável que estivessem dispostos realmente em posição central do arranjo"(Oman, Art of War, 135–136).
  7. Arnold, Renaissance at War, 166; Oman, Art of War, 134–136, 143; Taylor, Art of War, 183.
  8. Oman, Art of War, 134–136, 143; Taylor, Art of War, 183. De acordo com Oman, a cavalaria ligeira incluía 300 arcabuzeiros montados ferrareses, como também arqueiros franceses montados e stradioti. Taylor menciona ainda a presença de cerca de 1 000 arqueiros desmontados com a cavalaria ligeira; Oman inclui uma força adicional de 300 homens da cavalaria pesada sob comando de d'Alégre.