"Heroes"

álbum de David Bowie

"Heroes" é o décimo segundo álbum de estúdio do músico britânico David Bowie, lançado em 1977. Segundo disco de sua "Trilogia de Berlim", com Brian Eno, "Heroes" desenvolveu o som de Low em uma direção mais positiva. Dos três álbuns, é o mais condizente com a denominação "de Berlim", sendo o único inteiramente gravado lá.[1]

"Heroes"
"Heroes"
Álbum de estúdio de David Bowie
Lançamento 14 de Outubro de 1977
Gravação Hansa Studio dethe Wall, West Berlin. Julho e Agosto de 1977.
Gênero(s)
Duração 40:36
Formato(s) LP
Gravadora(s) RCA
Produção David Bowie, Tony Visconti
Cronologia de David Bowie
Low
(1977)
Lodger
(1979)
 Nota: Para outros significados de Heroes, veja Heroes (desambiguação).

Produção e estilo

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Gravado no Hansa Tonstudio, na Berlim Ocidental, "Heroes" reflete o zeitgeist da Guerra Fria, simbolizada pela cidade dividida. O coprodutor Tony Visconti o considerou "uma das minhas últimas grandes aventuras na criação de álbuns. O estúdio ficava a cerca de 500 jardas [457 metros] do muro. Guardas da Volkspolizei ficavam olhando a janela da nossa sala de controle com com binóculos poderosos".[2] David Bowie novamente prestou homenagens à suas influências de Krautrock: o título faz uma referência à faixa "Hero" no álbum Neu!75 da banda alemã Neu! - cujo guitarrista, Michael Rother, fora originalmente escalado para tocar no álbum[3] - enquanto "V-2 Schneider" foi inspirada por Florian Schneider, do Kraftwerk.[4] Em 1977, Kraftwerk mencionara Bowie na faixa-título de Trans-Europa Express.[5]

Brian Eno chamou Robert Fripp e o convidou para tocar a guitarra no álbum. Fripp, que se considerara aposentado da música, disse: "Bem, não sei, porque não toco há três anos, mas se você está preparado para arriscar, então também estou."[6] Ao chegar no estúdio, cansado por causa do seu voo de vinda, ele tocou na faixa "Beauty and the Beast" e a primeira gravação foi usada no versão final da canção.[7]

Apesar de "Heroes" ter continuado a exploração de Bowie da música ambiente[8] e ter incluído instrumentais obscuros e atmosféricos como "Sense of Doubt" e "Neuköln", o álbum foi visto como uma expressão artística altamente positiva e apaixonada,[2][4] particularmente após o melancólico Low.[9] A letra de "Joe the Lion", escrita e gravada no microfone "em menos de uma hora", segundo Visconti, simboliza o caráter improvisador do disco.[10]

Lançamento e impacto

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Críticas profissionais
Avaliações da crítica
Fonte Avaliação
Allmusic       [11]
Blender       [12]
Robert Christgau (B+) [13]
Rolling Stone (favorável) [14]
RS Album Guide       [15]
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"Heroes" foi comercializado pela RCA com o bordão "Há a Old Wave. Há a New Wave. E há David Bowie…".[4] O álbum obteve avaliação positiva da crítica no final de 1977,[10] sendo que tanto a Melody Maker como a NME o nomearam "Álbum do Ano".[16][17] "Heroes" alcançou n°3 no Reino Unido e ficou por três semanas nos charts, mas foi menos bem-sucedido nos EUA, onde só chegou ao n°35. Na Alemanha, foi lançado como "Heroes"/"Helden", com letras parcialmente cantadas em alemão. O álbum tem uma influência contínua: John Lennon disse que, ao fazer seu álbum Double Fantasy, em 1980, sua ambição era a de "fazer algo tão bom quanto "Heroes"."[10][16]

Várias faixas foram tocadas ao vivo nos shows de Bowie no ano seguinte, a Low and Heroes World Tour, gravada em vídeo como Stage (1978). Philip Glass adaptou uma suíte clássica, "Heroes" Symphony, baseada no álbum, ao lado da anterior Low Symphony. Vários artistas fizeram versões da faixa-título, que também é frequentemente utilizada no bis de King Crimson, enquanto "The Secret Life of Arabia" foi cantada por Billy Mackenzie em 1982, no disco Music of Quality and Distinction da British Electric Foundation. Várias faixas foram usadas no filme Christiane F.. Bowie participou como si mesmo no filme.

A foto da icónica capa foi inspirada pelos trabalhos do artista alemão Erich Heckel, em particular a obra Roquairol, que também serviu de modelo para a capa de The Idiot, de Iggy Pop, que colaborou com Bowie e foi lançado no mesmo ano de "Heroes".[7]

A capa do álbum de Bowie The Next Day, de 2013, é uma versão alterada e obscurecida da capa de "Heroes".

Faixas

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Todas as letras de David Bowie; todas as melodias de David Bowie, exceto as anotadas.

Lado A
  1. "Beauty and the Beast" – 3:32
  2. "Joe the Lion" – 3:05
  3. "'Heroes'" (Bowie, Brian Eno) – 6:07
  4. "Sons of the Silent Age" – 3:15
  5. "Blackout" – 3:50
Lado B
  1. "V-2 Schneider" – 3:10
  2. "Sense of Doubt" – 3:57
  3. "Moss Garden" (Bowie, Eno) – 5:03
  4. "Neuköln" (Bowie, Eno) – 4:34
  5. "The Secret Life of Arabia" (Bowie, Eno, Carlos Alomar) – 3:46

Referências

  1. AllMusic: "Heroes"
  2. a b Buckley, David (1999). Strange Fascination – David Bowie: The Definitive Story. [S.l.: s.n.] 
  3. Snow, Mat (2007). MOJO 60 Years of Bowie, "Making Heroes". [S.l.: s.n.] 
  4. a b c Carr, Roy (1981). Bowie: An Illustrated Record. [S.l.: s.n.] 
  5. «Bowie Golden Years : "Heroes"». www.bowiegoldenyears.com. Consultado em 30 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 14 de setembro de 2010 
  6. «'He weighed about 98lb for Young Americans and was the whitest white man I'd ever seen': David Bowie's biggest fans reveal all». Mail Online. Consultado em 30 de janeiro de 2016 
  7. a b «UNCUT interview». Bowie Golden Years. 1999. Consultado em 19 de julho de 2015. Arquivado do original em 5 de outubro de 2009 
  8. «The History of David Bowie's Berlin Trilogy: 'Low,' 'Heroes' and 'Lodger'». Ultimate Classic Rock. Consultado em 30 de janeiro de 2016 
  9. «Bowie Golden Years : Low». www.bowiegoldenyears.com. Consultado em 30 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 28 de fevereiro de 2017 
  10. a b c Pegg, Nicholas (2000). The Complete David Bowie. [S.l.: s.n.] 
  11. Erlewine, Stephen Thomas. «"Heroes" Overview». Allmusic. Consultado em 18 de janeiro de 2010 
  12. «"Heroes"». Blender. Consultado em 18 de janeiro de 2010 [ligação inativa] 
  13. Christgau, Robert. «David Bowie». Consultado em 18 de janeiro de 2010 
  14. Testa, Bart (12 de janeiro de 1978). «Heroes». Rolling Stone. Consultado em 18 de janeiro de 2010. Cópia arquivada em 22 de abril de 2009 
  15. «RollingStoneAlbumGuide's music». Consultado em 18 de janeiro de 2010 
  16. a b Sandford, Christopher (1997). The Complete David Bowie. [S.l.: s.n.] 
  17. Gittens, Ian (2007). "Art Decade", MOJO 60 Years of Bowie. [S.l.: s.n.] 

Bibliografia

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